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segunda-feira, 12 de março de 2012

OESTE

Andei lendo recentemente que morreu Louis L'Amour, um dos mais férteis escritores sobre o oeste norte-americano. Um dos seus livros foi publicado faz pouco tempo em português, com o título A TRILHA DOS FORA-DA-LEI, que no original inglês se chama RIDE THE DARK TRAIL. Gostei de mais um livro de aventuras de caubóis da época dos conquistadores e dos choques com os índios, cruéis e hostis na defesa do seu patrimônio. Era o reino do gado e do ouro da Califórnia, um mundo novo, selvagem com os fracos, dos homens de ferro, cuja vida dependia da faca e do revólver. Violência é a história da estrada de ferro e a do telégrafo. Um mundo de liberdade para libertação explosiva e derivativa do jogo e das bebedeiras desenfreadas, como substitutos da mulher.

Quem não se recorda do SALOON? Lei da pistola sobre o balcão de bebida e sobre a mesa das cartas de baralho, do xerife selvagem e do pistoleiro heróico. Quanta recordação tenho de Búfalo Bill, Calamity Jane, Bill Doolin, Wyatt Earp, Pat Garret, Jesse James, Doc Holiday, Bat Masterson, nomes que o livro, o cinema e os quadrinhos se encarregam de universalizar e que ganharam popularidade.

Nunca esqueci os nomes célebres dos atores cinematográficos que participaram de filmes inesquecíveis a respeito do oeste. A história dos rios de gado, do ladrão de reses, do perigo, a história de um excesso de vitalidade. Álcool e pistola, pôquer e roleta, matanças, a lei do COLT, num ambiente de apetites sexuais de seres viris sem que houvesse mulheres. Daí o mito da mulher como demonstrou André Bazin. Ainda a meretriz desses tempos era redimida, como a gente vê nos filmes, pelo amor ou pela morte.

Sempre me atraiu a literatura do oeste dos Estados Unidos. Fenimore Cooper, Zane Grey e outros povoaram a minha imaginação de aventuras, de desafios, de heróis e heroínas contraditórios. Dos atuais autores Dee Brown está na minha admiração, com obra segura, iniciada com um romance baseado na vida do desbravador David Crockett. Esse escritor fez relatos históricos que deram nova feição aos estudos sobre a conquista do oeste, como ENTERREM MEU CORAÇÃO NA CURVA DO RIO.

Nunca pude esquecer Gary Cooper, Buck Jones, Tim McCoy, John Wayne, que interpretaram os melhores filmes de faroeste, e ainda hoje eles me reaparecem na televisão, em histórias saudosas, como NO TEMPO DAS DILIGENCIAS e do maravilhoso JORNADAS HERÓICAS. Que dizer dos seriados da adolescência dourada, quando a gente via semanalmente um pedaço do filme, aguardando-se de modo ansioso o domingo seguinte?

Não durmo, nas minhas noites teresinenses, sem a leitura de um bom livrinho de caubói. O saloon, o forasteiro, o uísque ordinário, os revólveres de cada lado do tipo, o pôquer, a corista, o sujeito do piano desafinado, os bandidões barbudos, cuspindo o pretume do tabaco, a mocinha da cidade, toda pureza, a pradaria, o deserto e as serpentes, o lacrau, a forca. De tudo resta o assalto a banco, um assalto mais civilizado.

Não sei se morreu mesmo Louis L'Amour, que de vez em quando me concedeu bonitas páginas de aventuras do velho oeste para que eu matasse as saudades de filmes da meninice risonha.


A. Tito Filho, 10/04/1992, Jornal O Dia

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