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terça-feira, 6 de março de 2012

O SEXO MUITO FRÁGIL

Existem no Brasil dezenas de entidades em defesa dos negros, sem que se registre uma só para trabalhar em favor dos brancos. Jamais se viu sociedade contra discriminação de branco, mas sempre contra a discriminação do negro. A lei Afonso Arinos pune os que discriminam a negritude, e nenhuma referência a faz à branquitude.

Assim se dá também as mulheres: há grêmios sem fim de amparo aos direitos femininos e protetores dos rabos-de-saia contra a violência do macho. A gente não encontra, porém, sociedade para lutar pelo respeito aos direitos dos varões e para protegê-los das armas mulheris.

Parece até que as filhinhas da primeira tipa bíblica são sempre calmas, tranqüilas, não azunham, nem futucam a onça com vara curta. Desconhecem palavrão. Jamais botam chifres nos gajos do casamento ou da amigação na igreja verde da cidade maranhense de Timon.

Tenho cá exemplos que as contradizem. No Rio de Janeiro, por volta de 1942-1943, o pobre advogado Stélio Galvão morreu, no momento em que, sentado na cama do casal, arrecadou balaços do revólver da mulher ciumenta. Um filho do marechal Mascarenhas de Morais, numa rua da Tijuca, da antiga capital do Brasil, caiu morto. Matou-o a esposa, desprezada por outra de melhores carnes. Quem não se lembra da fera da Penha? Repudiada pelo amante, conduziu os filhos deste a lugar apropriado e os queimou, sem piedade. Duas irmãs mineiras arrancaram a vida do marido de uma delas, de quem o homem se separou em busca de gente mais apetitosa. A diabólica Ângela Diniz, casada com homem de bem, pôs chifre no infeliz, insensível aos deveres de esposa e mãe, e depois se entregou a uma existência de dissipação e sexo, responsável pelo assassinato de dois pobres diabos e pela dissolução de lares, até que encontrou o Doca Street que lhe meteu balas no corpo nu e devasso em Búzios, após o espetáculo feio de se oferecer como sapatão a uma alemãzinha esperta. Que dizer de Marilda, em São Paulo? Insaciável, aos quarenta de idade, arrumou amante de vinte, e com ele acertou a morte do marido. Esqueceu três filhos. Conseguiu tirar o esposo do caminho com balas e dezessete facadas - ao cabo de contas denunciada por um dos rebentos escandalizado da mãe desnaturada que o deu à luz. A verdade é que más fadas há lá e cá. Machos e fêmeas perversos existem na sociedade idiota do mundo-cão - e seria acertado que os dois lados passassem e medissem os tristes e vergonhosos crimes praticados e se recolhessem cada qual à humildade da contingência humana - tanto o homem como mulher, sujeitos a desequilíbrios neuróticos e psicológicos.


A. Tito Filho, 08/03/1992, Jornal O Dia

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