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domingo, 25 de março de 2012

LICENCIOSIDADE

Hoje pretendi escrever o segundo estudo sobre CINESÍFORO, mas surgiu assunto oportuno merecedor de censuras, ligado ao carnaval teresinense, permitido pela polícia e por outras autoridades conceituadas.

O carnaval sempre foi uma festa de alegria, de entusiasmo, de danças, requebros, fantasias e máscaras. Anos atrás, sobretudo o elemento masculino, vestia trajes espalhafatosos, usava bisnagas, pó-de-arroz e desfilava pelas ruas, numa animação que dava gosto presenciar a folia. Havia o corso de automóveis pelas vias públicas, dando mais vibração aos dias do reinado de momo. Antigamente quando se encerravam os festejos de rua, com os participantes cansados de pulos e danças e a cachaça já produzia os efeitos da embriaguez, a cidade parecia dormir. Ledo engano. Iniciavam-se as noites maravilhosas nos clubes sociais, festejos internos que alcançavam as madrugadas, sem excessos perniciosos e condenáveis.

Chegariam os novos tempos revelados pela televisão e desta copiados. Transformou-se a moral. A família acompanhou a depravação dos costumes. Desnudou-se a mulher. No Rio os bailes internos mostram cenas de sexo e embriaguez de sentidos condenáveis, sem que a polícia e a justiça adotem providências proibitivas desse festim ignóbil. Homossexuais promovem bailes com líquido e certo direito, transmitidos para todo Brasil, como espetáculo de opulência em fantasias e beleza dos que as vestem.

O famoso carnaval de rua está desaparecendo da cena carioca. O de Teresina, outrora divertido, também se acaba de ano a ano. Até umas horríveis escolas de samba, sem graça, com algumas fêmeas peladas, foi-se na vorage dos novos tempos, com a desculpa de que as autoridades não fornecem dinheiro para a patuscada. Em Teresina nunca os cofres públicos financiaram folia carnavalesca. De certo tempo para cá aprendeu-se a sapiente modalidade de pinotar e beber cachaça por conta dos cofres públicos.

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Passemos ao que interessa. Sábado, dia que se convenciou como do Zé-Pereira, centenas de indivíduos, machacás, meninotes, mal vestidos, de pouco ou nenhuma educação para a convivência, e balzaquianas na casa dos 30 ou mais, garotas, meninotas, umas de saia tão curta que a calcinha aparecia, promoveram a grande farra no BECO DO PRAZER, localizado ao lado do convento de São Francisco e em frente da Igreja de São Benedito. Cachaça aos barris. Danças mambembes, tocadas pela embriaguez geral dos participantes. Gargalhadas. No local não existem sanitários, de forma que as necessidades de homens e mulheres se efetuavam ali mesmo.

Desrespeito inominável aprovado pelas autoridades. Os humildes frades não puderam dormir. Os fiéis católicos fugiram indignados do tempo tão venerado pelos teresinenses.

Há uma lei do silêncio que ninguém respeita. Há um afrontoso desrespeito a uma casa religiosa que ninguém proíbe.

Sempre escrevi que Teresina semelha uma cidade sem compostura, entregue à molecagem e ao desenfreio dos deseducados.


A. Tito Filho, 27/02/1992, Jornal O Dia

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