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sexta-feira, 2 de março de 2012

DENOMINAÇÕES

Várias vezes me tem perguntado, pessoas cultas e gente do povo, de onde provém a palavra veado, no sentido homossexual.

Essas designações de cousas relacionadas com o sexo são quase sempre da inteligência das comunidades. Parece que existe vocabulário especificado para a expressão da vida e das necessidades sexuais. O acontecimento normalíssimo das regras tomou nomes interessantes como paquete, bandeira vermelha, incômodo, chico. No meu tempo de menino era bode. Mocinha pálida, colega de estudos, estava de bode. O órgão genital masculino se chama por vários modos: pinto, pau, cacete, manzape, careca. Quando ginasiano, Martins Napoleão mandava que se fizesse a leitura de "AS Pombas", de Raimundo Correia. Era de ver a risada geral da turma de moças e rapazes.

O homossexual masculino, por esse Brasil imenso, recebe diversificada denominação: afeminado, maricas, mariquinhas, bicha, bicha-louca, boneca, rodinha. Adolescente, eu sempre ouvia em Teresina chamar-se o pederasta passivo de fresco.

Veado foi tirado do latim venatu, o mesmo que animal de caça, donde se fez venatório, relativo a caça. Arte venatória traduz a arte de saber caçar. Essa proveniência não explica nem justifica o veado que se aplica aos homossexuais.

Consultei mestres e dicionários. Topei num livro, titulado "A Evolução das Palavras", de A. Tenório de Albuquerque, com este ensinamento: "Ouvimos diversas explicações para essa surpreendente modificação de sentido, para essa verdadeira perversão de sentido, sem que, entretanto, nenhuma satisfizesse.

Temos a impressão de que se trata de uma simples tradução do alemão HIRSCH. O médico judeu Dr. Magnus Hirschfeld, o fundador da ciência sexual, foi um defensor denodado do homossexualismo, do chamado terceiro sexo".

Albuquerque escreve que houve um período, na Alemanha, em que esteve com grande evidência o nome do Dr. Hirsch. É possível que esse nome servisse para indicar os homossexuais. Talvez algum alemão houvesse empregado no Brasil o vocábulo HIRSCH com a significação plebéia e alguém o traduzisse, vulgarizando-se o vocábulo.

Simples conjectura, já se vê. O próprio estudioso do assunto reconheceu a circunstância.


A. Tito Filho, 31/04/1992, Jornal O Dia

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